sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Contos de Bruxas - A Madrasta Malvada



A madrasta malvada
Marcelino era um homem feliz. Casado com uma mulher bondosa, possuía duas lindas filhinhas que eram o encanto da sua vida. Mas o que é bom dura pouco. A esposa de Marcelino ficou doente e morreu. Algum tempo depois, Marcelino resolveu casar de novo. Perto da sua casa, morava uma mulher que, sabendo das intenções do vizinho, fazia tudo para agradar as suas filhas, a fim de se casar com o pai.
No fim de certo tempo, conseguiu realizar o seu desejo. Mas logo que se apanhou casada, mostrou o» que era. E começou a maltratar as enteadas, obrigando-as a trabalhar como escravas. Quando o marido se ausentava, quase matava as meninas de pancada.
No quintal da casa havia uma figueira carregada de figos. Todos os dias, a madrasta mandava as meninas tomar conta da figueira, para que os passarinhos não comessem os frutos. As crianças ficavam ali presas o dia inteiro, espantando os pássaros e cantando:
Xô, xô, passarinho,
Aí não toques o biquinho,
Vai-te embora pra teu ninho…
Quando aparecia um figo picado, a madrasta castigava cruelmente as meninas. E assim viviam as crianças sempre maltratadas. Numa ocasião, em que o marido estava via-jando, a madrasta descobriu alguns figos picados pelos pas-sarinhos. Ficou furiosa e, depois de muito bater nas meninas, mandou enterrá-las vivas. De nada valeram as lágrimas e as súplicas das pobres crianças. Foram enterradas no quintal da casa.
Quando o marido regressou, a madrasta disse-lhe que suas filhas tinham adoecido e morrido. E, com todo o cinismo, declarou que tudo fizera para salvá-las, mas que, infelizmente, não conseguira evitar sua morte. O pai das meninas ficou muito triste e jamais esqueceu as filhas.
Aconteceu que, no lugar em que as meninas tinham sido enterradas, nasceu um belo capinzal. Quando o vento soprava, ouvia-se o capinzal dizer:
Xô, xô, passarinho,
Aí não toques o biquinho,
Vai-te embora pra teu ninho. ..
Um dia, o dono da casa mandou o empregado cortar o capinzal para seus cavalos. Mas quando o rapaz lá chegou, ouviu aquelas vozes espantando os passarinhos. Ficou com os cabelos em pé, de terror. E foi correndo, contar ao patrão o que tinha ouvido. Marcelino achou que o empregado estava sonhando e mandou-o, de volta, cortar o capinzal. Quando o homem meteu a foice no capim, ouviu, novamente, vozes que saíam do interior da terra, cantando:
Capineiro de meu pai, 
Não me cortes os cabelos

Que minha mãe penteava. 
Minha madrasta me enterrou 
Pelo figo da figueira 
Que o passarinho bicou.

Quando o homem meteu a foice no capim, ouviu novamente vozes que saíam do interior da terra.
Quando o homem meteu a foice no capim, ouviu novamente vozes que saíam do interior da terra.


O homem largou a foice e saiu correndo, cheio de pavor. Repetiu a história ao patrão que, a princípio, não quis acreditar. Mas o empregado tanto insistiu que Marcelino resolveu ir ao capinzal. Chegando lá, reconheceu as vozes das filhas. Mandou logo cavar a terra e encontrou suas filhas ainda vivas, por milagre de Nossa Senhora, sua madrinha. Pai e filhas abraçaram-se chorando de alegria. Quando chegaram em casa encontraram a madrasta morta. Tinha sido castigada pela sua maldade.

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